- Deixe-me lhe contar uma história... – iniciou o Mestre.
- Havia uma força que acabara de despertar e que desejava entender sua própria natureza. Para isso ela resolveu que deveria explorar a infinitude de sua própria existência e assim resolveu gerar partes de si mesma e enviar para todos os lados. Estas partes buscaram respostas para o que eram e quem eram. Mas nenhuma delas descobriu o próprio nome, menos uma que descobriu um segredo. Ela poderia dar um nome para si mesma.
Quando estas partes se encontraram elas conversaram e aquela que havia se dado um nome resolveu nomear as outras. Então todas ficaram felizes pois agora tinham um nome. Mas ainda restava algo. De onde elas tinham vindo?
Tentando resolver esta questão elas resolveram sair novamente para buscar respostas e para buscar qual era o tamanho de suas próprias formas. Mas por mais que andassem elas nunca chegavam ao fim. Mas nisso algo ocorreu e uma destas partes, aquela que havia nomeado as outras encontrou uma outra parte que ainda não tinha nome. Mas como era possível, se ela tinha dado nome para todas. E neste momento ela descobriu que haviam muito mais partes do que ela imaginava. Entendendo isso ela se questionou de onde tinham vindo as outras e percebeu que talvez houvesse mais de um criador. Mas como isso era possível, se o Criador tinha que ser o Todo e o Todo é um só? Foi aí que sua irmã perguntou se ela não queria ver algo que nunca tinha mostrado para ninguém. Juntas as duas caminharam para um enorme abismo e descendo viram que lá no fundo tinha uma caverna que ia mais fundo ainda.
As duas desceram unidas e lá no fundo encontraram uma outra parte como elas, mas muito mais velha que lhes contou um segredo. Não era a primeira vez que o Todo as criava para entender quem era. E isso não era tudo. Ela falou que de tempos em tempos surgia um monstro que comia todas as partes criadas e depois vomitava elas de volta sem que se lembrassem que haviam sido comidas.
A parte que havia se dado nome se perguntou se o monstro não era o todo e a parte velha sorriu dizendo que não.
Ela perguntou como ela podia ter certeza e a parte velha levantando-se abriu a boca e devorou a parte sem nome que acompanhava a que tinha nome.
Eu sei, por que eu sou o monstro. – respondeu a parte que correu atrás da parte que tinha se dado nome. Mas ela fugiu e contou tudo para as outras e juntas todas elas resolveram armar uma armadilha para o monstro.
As partes conseguiram capturar o monstro, depois de muito tentar, mas depois não sabiam o que fazer com ele e a parte que havia dado os nomes resolveu perguntar.
Se você comia todas as partes e as vomita foi você que nos vomitou.
Sim.
Mas de onde você veio?
O monstro sorriu e falou que isso ela não iria saber. Mas a parte com nome sorriu e olhando para o monstro falou que ia sim. E para isso bastava comê-lo e assim a parte com nome comeu o monstro e descobriu o que ele sabia. Suas irmãs correram para ela e perguntaram o que ela havia visto e sorrindo ela falou para se aproximarem que ela iria falar. Mas ao se aproximarem a parte com nome devorou todas elas, menos uma que era aquela que havia dado nome primeiro.
Por que você fez isso. Ela perguntou.
A parte sorriu e olhando-a falou:
Por que se eu não as comesse, elas iriam acabar me comendo quando achassem que eu não havia contado tudo.
E por que você não me comeu.
Por que seu eu te comesse de que iria adiantar eu ter um nome se não haveria mais ninguém para me chamar por ele. Por isso o monstro sempre vomitava todo mundo para que sempre houvesse alguém para chamá-lo pelo nome.
A parte sobrevivente sorriu e se aproximando abraçou o monstro e depois o devorou.
Bem, como eu nunca quis ter um nome, isso não tem problema. Agora que só eu existo e nada mais finalmente o criador vai ter que aparecer para descobrir o que eu sei e aí eu vou poder devorar ele também! – sorriu a parte em felicidade suprema!
Por: Rogério Gouveia.
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