Seimei trabalhou como onmyouji para os imperadores e para o governo do Período Heian, fazendo calendários, prevendo eventos astronômicos e assessorando sobre qual maneira espiritual mais adequada para lidar com os problemas, dentre outros assuntos. Ele teve uma vida longa, livre de quaisquer doenças graves, o que contribuiu para a crença popular de que possuía poderes místicos. Sua fama atravessou séculos, e ele é conhecido hoje como o maior onmyouji da história do Japão.
Abe no Seimei nasceu para ser um mito. Sua genealogia não é muito clara. Seria descendente do poeta Abe no Nakamaro, filho de Abe no Yasuna. Sua mãe, no entanto, seria uma kitsune (raposa) do tipo yousei – uma espécie de youkai (criatura sobrenatural) diferentes das kitsune do tipo bakemono chamada Kuzunoha. Abe no Seimei era, então um han’you, um meio-youkai (han = meio, metade; you).
Deixado aos cuidados de Kamo no Tadayuki, este onmyouji tomou o jovem Seimei como discípulo, iniciando-o nas artes do Onmyoudou. No 4º ano da Era Tentoku (960 do calendário gregoriano), já versado nas diversas artes doOnmyoudou, especialmente a Astronomia, Abe no Seimei foi chamado para prever a sorte do Imperador Murakami, tendo reconhecidas as suas habilidades perante toda a aristocracia.
Seimei teve dois filhos que também se tornaram onmyoujis, Abe no Yoshihira, o mais velho, e Abe no Yoshimasa, o mais novo. A casa onde morou, em Kyoto, foi transformada em templo, o conhecido Seimei Jinja. Seu túmulo está localizado em Sagano, Kyoto, silenciosamente adormecido nas proximidades da ponte de Togetsukyo.
Onmyoudo (In You do) é um sistema japonês que mistura ciência e ocultismo. Literalmente, significa “o caminho do yin e do yang” e baseia-se principalmente na Teoria dos Cinco Elementos do Tao. É possível dizer que o Onmyoudo é uma mistura do Taoísmo, do Confucionismo e do Budismo Esotérico introduzido no Japão, e muitos o consideram como o antecessor do Shinto.
O praticante do Onmyoudo é conhecido como onmyouji. Os onmyouji eram especialistas nas práticas mágicas e divinatórias. Além disso, a eles cabiam manter o controle dos calendários, o que envolvia, consequentemente, o estudo da astronomia. O símbolo mais comum dos onmyouji era o pentagrama, que representa a Teoria dos Cinco Elementos do Tao.
Os onmyouji também serviam como conselheiros de generais e de governantes, afastando os maus espíritos das cidades, indicando onde os prédios deveriam ser construídos e onde deveriam ser localizadas as capitais. Por causa disso, no Japão, a maioria dos prédios mais importantes das cidades, as montanhas (consideradas sagradas), e os templos estão localizados em vértices de pentagramas, principalmente para efetivar ao máximo os circuitos de energia destes locais.
Atualmente, o Onmyoudo foi quase esquecido e “absorvido” pelo shinto. O onmyouji é conhecido hoje apenas como um tipo de sacerdote shinto, mas a sua figura ainda mantém, inclusive para os japoneses, o mistério que a envolvia desde o seu surgimento. Mas o Onmyoudo ainda é praticado em algumas escolas de mistérios e muitas vezes associado a estudos herméticos (este é o nosso caso).
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