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Shema Shekinah Adonai


“Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido"

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A Criação do Mundo segundo os Hebreus 1

O primeiro dia

Trad:   PAULO BRABO

A CRIAÇÃO: O primeiro dia
No primeiro dia da criação Deus produziu dez coisas: os céus e a terra, Tohu e Bohu, a luz e as trevas, o vento e a água, a duração do dia e a duração da noite.
Embora o céu e a terra consistam de elementos inteiramente diferentes, eles foram criados como uma unidade, “como um panela e sua tampa”. Os céus foram formados da luz dos trajes de Deus, e a terra da neve de debaixo do trono divino. Tohu é uma faixa verde que engloba o mundo inteiro, e produz a escuridão, e Bohu consiste nas pedras do abismo, que produzem a água. A luz criada no princípio não é a mesma luz do sol, da lua e das estrelas, que apareceram somente no quarto dia. A luz do primeiro dia era de tal natureza que teria permitido que o homem enxergasse num só relance o mundo inteiro de uma ponta a outra. Antecipando a perversidade das gerações pecaminosas do dilúvio e da Torre de Babel, que eram indignas de desfrutar da bençao dessa luz, Deus a ocultou, mas no mundo que está por vir ela aparecerá aos piedosos em sua glória original.
LEVA-SE QUINHENTOS ANOS PARA SE CAMINHAR DA TERRA AO CÉU, E DE UMA EXTREMIDADE DO CÉU À OUTRA, E É NECESSÁRIO O MESMO TEMPO PARA SE VIAJAR DO OESTE AO LESTE, OU DO SUL AO NORTE.
Diversos céus foram criados, na verdade sete, cada um com um propósito particular. O primeiro, visível para o homem, não tem função exceto a de encobrir a luz durante a noite, e por isso desaparece a cada manhã. Os planetas estão presos ao segundo céu; no terceiro o maná é fabricado para os piedosos no porvir; o quarto contem a Jerusalém celestial juntamente com o Templo, no qual Miguel ministra como sumo sacerdote e oferece as almas dos piedosos como sacrifício. No quinto céu residem as hostes de anjos, e cantam louvor a Deus, embora apenas durante a noite, pois durante o dia a tarefa de dar glória a Deus nas alturas é de Israel, na terra. O sexto céu é um lugar sinistro; ali originam-se a maior parte das provações e visitações ordenadas para a terra e seus habitantes. Empilhados naquele lugar estão neve e granizo; há sótãos cheios de orvalho nocivo, armazéns abarrotados de tempestades e porões que comportam reservas de fumaça. Portas de fogo separam essas câmaras celestiais, que estão sob a supervisão do arcanjo Metraton. Seu conteúdo pernicioso maculou os céus até o tempo de Davi. O piedoso rei orou que Deus expurgasse de sua exaltada morada qualquer coisa que estivesse prenhe de maldade; não era próprio que tais coisas existissem tão próximas ao Misericordioso. Apenas então elas foram transferidas para a terra.
O sétimo céu, por outro lado, nada contém que não seja bom e belo: o direito, a justiça e a misericórdia, os armazéns da vida, da paz e da benção, as almas dos piedosos, as almas e espíritos das gerações não-nascidas, o orvalho com o qual Deus reviverá os mortos no dia da ressurreição e, acima de tudo, o Trono Divino, cercado por serafins, pelos ofanins, pelos santos Hayyot e pelos anjos ministrantes.
Correspondendo aos sete céus, Deus criou sete terras, cada uma separada da seguinte por cinco camadas. Acima da terra mais inferior, Erez, jazem em sucessão o abismo, Tohu, Bohu, o mar e as águas. Chega-se então à sexta terra, Adamah, cena da magnificência de Deus. Do mesmo modo, Adamah é separada da quinta terra, Arka, que contém o Gehenna e Shaa’re Mawet e Sha’are Zalmawet e Beer Shahat e Tit ha-Yawen e o Abadon e o Seol e onde as almas dos perversos são guardadas pelos Anjos da Destruição. Semelhantemente, a Arka segue-se Harabah, “a seca”, lugar de riachos e ribeirões, apesar de seu nome; a terra seguinte, Yabbashah, “o continente”, contém os rios e nascentes.
Tebel, a segunda terra, é a primeira habitada por criaturas vivas, trezentas e sessenta e cinco espécies, todas essencialmente diferentes das da nossa terra. Algumas têm cabeças humanas presas a um corpo de leão, serpente ou boi; outras têm corpos humanos encimados pela cabeça de algum desses animais. Além disso, Tebel é habitada por seres humanos com duas cabeças e quatro mãos e pés – na verdade, têm todos os orgãos duplicados exceto o tronco. Acontece de vez em quando que as partes dessas pessoas duplas disputam umas com as outras, especialmente quando comem e bebem, ocasião em que cada uma exige para si a porção maior. Essa espécie de humanidade é notável por sua grande piedade, outra diferença entre ela e os habitantes da terra.
A nossa própria terra chama-se Heled e, como as outras, está separada de Tebel por um abismo, por Tohu, por Bohu, pelo mar e pelas águas.
HOSTES DE ANJOS CANTAM LOUVOR A DEUS, EMBORA APENAS DURANTE A NOITE, POIS DURANTE O DIA A TAREFA DE DAR GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS É DE ISRAEL, NA TERRA.
Dessa forma uma terra ergue-se acima da outra, da primeira à sétima, e acima da sétima estão dipostos os céus, do primeiro ao sétimo, sendo que o último deles está preso ao braço de Deus. Os sete céus formam uma unidade, os sete tipos de terra formam uma unidade, e os céus e a terra juntos formam também uma unidade.
Quando Deus fez o presente céu e a presente terra, “o novo céu e a nova terra” também foram gerados, bem como as cento e noventa e seis mil palavras que Deus criou para sua própria Glória.
Leva-se quinhentos anos para se caminhar da terra ao céu, e de uma extremidade do céu à outra, e também de um céu ao seguinte, e é necessário o mesmo tempo para se viajar do oeste ao leste, ou do sul ao norte. Apenas um terço deste vasto mundo é habitado, sendo que os outros dois terços são divididos igualmente entre água e terras desertas.
Além das porções habitadas a leste está o Paraíso com suas sete divisões, cada uma designada aos piedosos de determinada categoria. O oceano está situado a oeste, e é salpicado de ilhas que são habitadas por muitos povos diferentes. Além dele, por sua vez, está a estepe sem fim cheia de serpentes e escorpiões e destituída de qualquer espécie de vegetação, quer sejam gramíneas ou árvores. Ao norte estão os suprimentos de fogo-do-inferno, de neve, granizo, fumaça, gelo, escuridão e tempestades, e naquela vizinhança toda sorte de diabos, demônios e espíritos malignos. Sua habitação é uma grande extensão de terra que levaria quinhentos anos para atravessar. Além dela jaz o inferno. Ao sul localiza-se a câmara contendo reservas de fogo, a caverna da fumaça e a forja dos ventos e furacões. Acontece então que o vento que sopra do sul traz calor e mormaço sobre a terra. Não fosse pelo anjo Ben Nez, o Alado, que retém o vento sul com suas plumas, o mundo seria consumido. Além disso, a fúria de suas rajadas é temperada pelo vento norte, que aparece sempre como moderador, qualquer que seja o outro vento que estiver soprando.
A leste, oeste e sul, céu e a terra tocam um ao outro, mas o norte Deus deixou por terminar, para que a qualquer homem que afirmasse ser deus fosse oferecida a tarefa de suprir a deficiência, de modo a ser condenado como impostor.
A terra começou a ser construída pelo centro, com a pedra fundamental do Templo, a Eben Shetiyah, pois a Terra Santa é o ponto central da superfície da terra, Jerusalém é o ponto central da Palestina e o Templo está situado no centro da Cidade Santa. No santuário em si o Hekal é o centro, e a Arca santa ocupa o centro do Hekal, erigido sobre a pedra fundamental, que é dessa forma o centro da terra. Dali lançou-se o primeiro raio de luz, cortando a Terra Santa, e a partir dali iluminando toda a terra. A criação do mundo, no entanto, não poderia ter tomado lugar até que Deus banisse o senhor da escuridão. “Retire-se”, Deus disse a ele, “pois desejo criar o mundo através da luz”. Apenas depois que a luz havia sido formada surgiram as trevas, a luz governando o céu, as trevas a terra. O poder de Deus manifestou-se não apenas na criação do mundo de coisas, mas igualmente nas limitações que ele impôs sobre cada uma. Os céus e a terra estenderam-se em comprimento e largura como se aspirassem à infinitude, e foi preciso a palavra de Deus para colocar um limite no alcance deles.
No segundo dia Deus criou quatro coisas: o firmamento, o inferno, o fogo e os anjos. O firmamento não é o mesmo que o céu do primeiro dia. Trata-se do cristal que se estende sobre as cabeças dos Hayyot, do qual o céu deriva a sua luz, da mesma forma que a terra deriva do sol a sua luz. Esse firmamento protege a terra de ser inundada pelas águas do céu; ele forma a divisão entre as águas de cima e as águas de baixo. Foi cristalizado na forma sólida pelo fogo celeste, que ultrapassou os seus limites e condensou a superfície do firmamento. Desta forma o fogo fez a divisão entre o celestial e o terrestre por ocasião da criação, da mesma forma que fez por ocasião da revelação no Sinai. O firmamento não tem mais de três dedos de espessura, e apesar disso faz separação entre dois corpos tão pesados quanto as águas inferiores, que são as fundações do mundo inferior, e as águas superiores, que são as fundações dos sete céus, do Trono Divino e da residência dos anjos.
A separação das águas entre águas superiores e inferiores foi o único ato dessa natureza realizado por Deus em conexão com a obra da criação. Todos os outros foram atos unificadores. Este causou, portanto, algumas dificuldades. Quando Deus ordenou: “Que as águas se ajuntem num só lugar, de modo que apareça a terra seca”, certas porções recusaram-se a obedecer, e abraçaram-se umas às outras ainda mais firmemente. Em sua indignação contra as águas, Deus determinou que toda a criação se dissolvesse novamente no caos. Ele chamou o Anjo da Face e ordenou que destruisse o mundo. O anjo arregalou os olhos e fogos abrasadores e espessas nuvens projetaram-se deles, enquanto ele gritava:
– Aquele que divide em duas metades o Mar Vermelho! – e as águas revoltosas não se moveram.
Todas as coisas estavam ainda sob perigo de destruição. Então aquele que canta os louvores de Deus começou:
TENDE PIEDADE DO TEU MUNDO, NÃO O DESTRUAS; POIS SE O DESTRUIRDES, QUEM CUMPRIRÁ A TUA VONTADE?
– Ó Senhor do mundo, nos dias que virão tuas criaturas cantarão sem interrupção louvores a ti; bendizer-te-ão irrestritamente, e glorificar-te-ão sem medida. Tu tomarás Abraão à parte de toda a humanidade para ser teu; um de seus filhos tu chamarás de “meu primogênito; e seus descendentes tomarão sobre si o jugo do teu reino. Em santidade e pureza tu lhes conferirás a Torá, com as seguinte palavras: “Eu sou o Senhor seu Deus”; a que eles responderão: “Tudo que Deus tem falado faremos”. E agora suplico-te, tende piedade do teu mundo, não o destruas; pois se o destruirdes, quem cumprirá a tua vontade?
Deus assim apazigou-se. Retirou a ordem que determinava a destruição do mundo, mas as águas ele colocou sob as montanhas, para permanecerem ali para sempre.
A objeção das águas inferiores contra a divisão e a separação não foi o único motivo para a sua rebelião. As águas haviam sido as primeiras a dar louvor ao Senhor, e quando foi decretada a sua separação em superiores e inferiores, as águas superiores regozijaram-se, dizendo:
– Bem-aventuradas somos nós, que temos o privilégio de habitar junto ao nosso Criador e junto ao seu Trono Santo.
Assim celebrando elas lançaram-se para o alto, e proferiram canção de louvor ao Criador do mundo. Tristeza recaiu sobre as águas inferiores. Elas lamentaram:
– Ai de nós, que não fomos achadas dignas de habitar na presença de Deus, e de louvá-lo juntamente com nossas companheiras.
Elas tentaram portanto alçar-se para o céu, até que Deus as repeliu, pressionando-as contra a terra. Apesar disso elas não deixaram de receber recompensa pela sua lealdade: quando desejam dar louvores a Deus, as águas superiores precisam pedir antes permissão às águas inferiores.
O segundo dia foi um dia desfavorável não apenas no sentido de que introduziu uma separação no que antes havia sido apenas unidade: foi também o dia que contemplou a criação do inferno. Deus não pôde portanto dizer desse dia como disse dos outros, “e viu que era bom”. Uma divisão pode ser necessária, mas não pode ser chamada de boa, e o inferno certamente não merece o atributo de bom.
O inferno tem sete divisões, uma abaixo da outra. Essas são chamadas Sheol, Abaddon, Beer Shahat, Tit ha-Yawne, Sha’are Mawet, Sha’are Zalmawet e Gehenna. São necessários trezentos anos para se percorrer a altura, a largura ou a profundidade de cada divisão, e seriam necessários seis mil e trezentos anos para se atravessar uma extensão de terra correspondente à extensão das sete divisões.
HÁ EM CADA CAVERNA SETE MIL FENDAS, E EM CADA FENDA SETE MIL ESCORPIÕES.
Cada uma das sete divisões tem por sua vez sete subdivisões, e em cada compartimento há sete rios de fogo e sete de granizo. A largura de cada um é de mil varas, sua profundidade mil, seu comprimento trezentos, e eles fluem um para dentro do outro, sendo supervisionados por noventa mil anjos de destruição. Há, além disso, em cada compartimento sete mil cavernas, em cada caverna sete mil fendas, e em cada fenda sete mil escorpiões. Cada escorpião tem trezentos anéis, e em cada anel sete mil bolsas de veneno, dos quais fluem sete rios de veneno mortal. O homem que o toca explode imediatamente: cada membro é separado do corpo, suas entranhas se esfacelam e ele cai de rosto no chão.
Há também cinco tipos diferentes de fogo no inferno. Um deles devora e absorve, outro devora e não absorve, enquanto o terceiro absorve e não devora; há ainda outro fogo que nem devora nem absorve, e finalmente um fogo que devora o fogo. Há brasas do tamanho de montanhas, brasas do tamanho de colinas e brasas do tamanho do Mar Morto, e brasas que se assemelham a enormes pedras, e há rios de asfalto e enxofre que fluem e borbulham como brasas vivas.
A terceira criação do segundo dia foram as hostes de anjos – tanto os anjos ministradores quanto os anjos de louvor. A razão pela qual eles não foram trazidos à existência no primeiro dia foi para que os homens não cressem que os anjos auxiliaram Deus na criação do céu e da terra. Os anjos que são moldados de fogo têm formas de fogo, mas apenas enquanto permanecem no céu. Quando descem à terra, a fim de fazerem a vontade de Deus aqui embaixo, são ou transformados em vento ou assumem a aparência de homens. Há dez escalões hierárquicos, ou graus, entre os anjos.
Os de nível hierárquico mais exaltado são os que cercam o Trono Divino por todos os lados: à direita, à esquerda, na frente e atrás, sob a liderança dos arcanjos Miguel, Gabriel, Uriel e Rafael.
DEUS OS SILENCIA: “QUIETOS, ATÉ QUE EU TENHA OUVIDO AS CANÇÕES E DOCES MELODIAS DE ISRAEL”.
Todos os seres celestiais louvam a Deus com as palavras: “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos”, mas nisso os homens têm precedência sobre eles. Os anjos não podem começar sua canção de louvor até que os seres terrenos tenham trazido sua exaltação a Deus. Israel em particular tem a preferência dos anjos. Quando circundam o Trono Divino na forma de montanhas de fogo e colinas flamejantes, e ensaiam levantar as vozes em adoração ao Criador, Deus os silencia com as palavras:
– Quietos, até que eu tenha ouvido as canções, louvores, orações e doces melodias de Israel.
Assim sendo, os anjos ministrantes e todas as outras hostes celestiais aguardam até que os últimos ecos das doxologias de Israel, erguendo-se da terra, tenham se extinguido, e só então proclamam em alta voz: “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos”.
Quando se aproxima a hora da glorificação de Deus por parte dos anjos, o augusto arauto divino, o anjo Shamiel, desce até as janelas do céu mais inferior para escutar as canções, orações e louvores que ascendem das sinagogas e casas de saber, e quanto terminam, ele anuncia o seu fim aos anjos de todo o céu. Os anjos ministrantes, aqueles que têm contato com o mundo sublunar, dirigem-se agora a suas câmaras para seu banho de purificação.  Eles mergulham num riacho de fogo e chama por sete vezes, e por trezentas e sessenta e cinco vezes examinam-se cuidadosamente, para certificar-se que nenhuma mancha permanece aderida a seus corpos. Só então sentem-se dispensados para galgar sua escada de fogo e juntar-se aos anjos do sétimo céu, e cercar o trono de Deus juntamente com Hashmal e todos os santos Hayyot. Adornados de milhões de coroas chamejantes, trajando vestes de fogo, todos os anjos em uníssono, com as mesmas palavras e a mesma melodia, entoam canções de louvor a Deus.
A CRIAÇÃO: O terceiro dia
Até esta altura a terra era plana e totalmente coberta de água. Mal haviam se ouvido as palavras de Deus: “Ajuntem-se as águas”, e surgiram as montanhas e colinas, e a água acumulou-se em bacias profundas. Mas a água era rebelde e recusava-se a ocupar os lugares mais baixos, e ameaçou inundar a terra, até que Deus forçou-a de volta ao mar e circundou o mar de areia. Agora, sempre que a água sente-se tentada a transgredir ela contempla a areia e recolhe-se. As águas estavam apenas imitando seu chefe Rahabe, o Anjo do Mar, que rebelou-se contra a criação do mundo. Deus havia ordenado a Rahabe que assumisse também a água. Ele recusou-se, dizendo: “Já tenho o que basta”. A punição pela sua desobediência foi a morte. Seu cadáver jaz nas profundezas do oceano, e a água dispersa o mau cheiro que emana dele.
AGORA, SEMPRE QUE A ÁGUA SENTE-SE TENTADA A TRANSGREDIR ELA CONTEMPLA A AREIA E RECOLHE-SE.
A principal criação do terceiro dia foi o reino das plantas, tanto as plantas terrestres quanto as do Paraíso. Primeiro foram feitos os cedros do Líbano e as outras grandes árvores. Em seu orgulho por terem sido colocadas em primeiro lugar, elas projetaram-se alto ar acima, considerando-se as mais privilegiadas das plantas. Então Deus disse:
– Eu abomino a arrogância e o orgulho, porque apenas eu sou exaltado, e ninguém mais.
Ele então criou no mesmo dia o ferro, substância pela qual as árvores caíam. As árvores começaram a chorar, e quando Deus perguntou a razão das suas lágrimas elas disseram:
– Choramos porque criaste o ferro a fim de nos derrubar com ele. O tempo todo nos havíamos crido as mais elevadas da terra, e agora o ferro, nosso destruidor, foi chamado à existência.
Deus respondeu:
– Vocês mesmas proverão um cabo ao machado. Sem a sua assistência o ferro não será capaz de fazer coisa alguma contra vocês.
A ordem de gerar semente segundo a sua espécie foi dada apenas às árvores. Mas as diversas espécies de erva rasteira pensaram consigo mesmas que se Deus não tivesse desejado divisões segundo as espécies não teria instruído as árvores a darem fruto segundo a sua espécie, cuja semente estivesse nele – especialmente já que as árvores estavam inclinadas por sua própria iniciativa a se dividirem em espécies. Por essa razão as ervas rasteiras também se reproduziram segundo as suas espécies. Isso ocasionou uma exclamação do Príncipe do Mundo: “Dure para sempre a glória do Senhor; regozije-se o Senhor nas suas obras”.
A obra mais importante realizada no terceiro dia foi a criação do Paraíso. Dois portões de carbúnculo formam a entrada do Paraíso, e seis miríades de anjos ministrantes o guardam. Cada um desses anjos brilha com o esplendor do céu. Quando o justo aparece diante dos portões, as roupas com que foi enterrado são tiradas dele, e os anjos o vestem com sete vestimentas de nuvens de glória, colocam sobre sua cabeça duas coroas, uma de pedras preciosas e pérolas, a outra de ouro de Parvaim, depositam oito murtas na sua mão, e proferem louvores diante dele e dizem: “Siga seu caminho, e coma o seu pão com alegria”. Em seguida eles o conduzem a um lugar repleto de rios, cercado por oitocentas espécies de rosas e murtas. Cada [justo] tem um dossel segundo seus méritos, e sob ele fluem quatro rios, um de leite, o outro de bálsamo, o terceiro de vinho e o quarto de mel. Cada dossel é coberto de uma vinha de ouro, e dela pendem trinta pérolas, cada uma brilhante como Vênus. Sob cada dossel há uma mesa de pedras preciosas e pérolas, e sessenta anjos postam-se junto de cada homem justo, dizendo a ele: “Vá e coma com alegria o mel, porque você ocupou-se com a Torá, que é mais doce do que o mel, e beba o vinho reservado na uva desde os seis dias da criação, pois você se ocupou da Torá, que é comparável ao vinho”.
DEUS ASSENTA-SE NO MEIO DELES E EXPÕE-LHES A TORÁ.
O menos belo dos justos é bonito como José e o Rabi Johanan, como os grãos de uma romã de prata sobre a qual descem os raios do sol. Não há luz, pois “a luz dos justos brilha intensamente”. Eles experimentam quatro transformações por dia, passando por quatro estágios. No primeiro o justo é transformado em criança. Ele entra na divisão das crianças, e desfruta das alegrias da infância. Ele é então transformado num jovem, e entra na divisão dos jovens, com os quais ele desfruta dos deleites da juventude. Ele em seguida transforma-se em adulto, no auge do vigor, e adentra a divisão dos homens, e experimenta os prazeres da idade adulta. Finalmente ele é transformado em velho. Ele entra na divisão dos velhos, e desfruta dos prazeres da velhice.
Há oitenta miríades de árvores em cada canto do Paraíso, sendo a mais inferior delas mais excelente do que todas as árvores de especiaria. Em cada canto há sessenta miríades de anjos cantando com vozes melodiosas, e a árvore da vida ergue-se no meio e dá sombra a todo o Paraíso. Ela tem quinze mil sabores, cada um distinto do outro, e os perfumes variam da mesma forma. Sobre ela pendem sete nuvens de glória, e ventos sopram sobre ela dos quatro lados, de modo que seu aroma é bafejado de uma ponta do mundo à outra. Sob ela assentam-se os eruditos e explicam a Torá. Sobre cada um deles estendem-se dois dosséis, um de estrelas, o outro de sol e lua, e uma cortina de nuvens de glória separa um dossel do outro.
Além do Paraíso começa o Éden, contendo trezentos e dez mundos e sete compartimentos para sete diferentes classes de piedosos. No primeiro estão os “mártires vítimas do governo” como Rabi Akiba e seus companheiros; no segundo estão os que foram afogados; no terceiro Rabi Johanan ben Zakkai e seus discípulos; no quarto aqueles que foram arrebatados na nuvem de glória; no quinto os penitentes, que ocupam um lugar que mesmo um homem perfeitamente piedoso não pode obter; no sexto estão os jovens que não experimentaram o pecado em suas vidas; no sétimo estão os pobres que estudaram a Bíblia e a Mishnah, e conduziram uma vida de decência auto-respeitosa. E Deus assenta-se no meio deles e expõe-lhes a Torá.
Quanto às sete divisões do Paraíso, cada uma tem doze miríades de milhas de largura e doze miríades de milhas de extensão. Na primeira divisão habitam os prosélitos que abraçaram o judaísmo por sua próprio arbítrio, não por pressão. As paredes são de vidro e os lambris de cedro. O profeta Obadias, ele mesmo um prosélito, é o supervisor dessa primeira divisão. A segunda divisão é construída de prata, e seus lambris são de cedro. Aqui vivem os que se arrependeram, e Manassés, o filho penitente de Ezequias, preside sobre eles. A terceira divisão é construída de ouro e prata. Aqui habitam Abraão, Isaque e Jacó, todos os israelitas que saíram do Egito e toda a geração que viveu no deserto. Também Davi está ali, junto com todos os seus filhos exceto Absalão, sendo que um deles, Quileabe, ainda vivo. E todos os reis de Judá estão ali, com exceção de Manassés, filho de Ezequias, que preside sobre a segunda divisão, a dos penitentes. Moisés e Arão presidem sobre a terceira divisão. Aqui há preciosos vasos de ouro e prata e jóias e dosséis e camas e tronos e lâmpadas, de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, o melhor de tudo que há no céu. A quarta divisão é construída de belíssimos rubis, e seus lambris são de madeira de oliva. Aqui habitam os perfeitos e constantes na fé, e os lambris são de oliveira porque suas vidas foram para eles amargas como azeitonas.
ELIAS TOMA A CABEÇA DO MESSIAS, COLOCA-A NO COLO E DIZ: “AQUIETE-SE, PORQUE O FIM ESTÁ PRÓXIMO”.
A quinta divisão é construída de prata, ouro e ouro refinado, e do ouro mais puro e bdélio, e no meio dela passa o rio Gion. Seus lambris são de prata e ouro, e exala dele um perfume mais requintado do que o perfume do Líbano. As colchas das camas de prata e de ouro são feitas de púrpura e azul, tecidas por Eva, e de escarlata e pelo de bode, tecido por anjos. Aqui habita o Messias num palanquim feito de cedro do Líbano, “senso seus pilares de prata, o fundo de ouro, o assento de púrpura”. Com ele está Elias. Ele toma a cabeça do Messias, coloca-a no colo e diz: “Aquiete-se, porque o fim está próximo”. Em todas as segundas-feiras e quintas e sábados e dias santos os patriarcas vem até ele, bem como os doze filhos de Jacó, e Moisés, Arão, Davi e Salomão, e todos os reis de Israel e de Judá, e choram com ele e confortam-no, e dizem a ele: “Aquiete-se e coloque sua confiança no Criador, pois o fim está próximo”. Também Corá e seu grupo, e Datã e Abiram e Absalão vêm até ele toda quarta-feira e perguntam: “Quanto falta até que o fim venha cheio de maravilhas? Quando nos trarás novamente à vida, e dos abismos da terra nos alçarás?” O Messias lhes responde: “Vão até seus pais e perguntem a eles”. Quando ouvem isso eles ficam com vergonha e não vão perguntar aos seus pais.
Na sexta divisão habitam os que morreram realizando algum ato piedoso, e na sétima divisão os que morreram de uma enfermidade infligida como expiação pelos pecados de Israel.

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